4 de novembro de 2012

Nosferatu ao vivo no Parque do Ibirapuera




A 36ª Mostra de Cinema Internacional de São Paulo foi encerrada com classe. Para o último dia, foi organizado um evento a céu aberto no Parque do Ibirapuera. Com trilha sonora tocada ao vivo pela Orquestra Petrobrás, foi exibido o filme Nosferatu, do diretor Friedrich Wilhelm Murnau. O longa é de 1922, mas a película utilizada na Mostra foi uma cópia restaurada com correções de imagem. Para a apresentação, a orquestra tocou no palco do Auditório e o filme foi projetado na parede, logo acima dos músicos. A plateia, que juntou grande público, reuniu-se no gramado em frente espaço.

Do início ao final do filme, a orquestra tocou em total sincronia com as imagens, estabelecendo um clima de suspense no local. A trilha sonora, composta na época do filme por Hans Erdmann, foi conduzida pelo maestro Pierre Oser. “Podemos dizer que o cinema mudo nunca foi de fato mudo, era sempre apresentado com uma música. A diferença fundamental da música no cinema mudo tem uma função dramatúrgica, com origem no teatro, na ópera”, afirmou o regente em reportagem ao site oficial da Mostra. “Em 1929, havia em Berlim, nas maiores salas de cinema, mais de 50 músicos para o acompanhamento dos filmes”, completou.



Não haveria melhor clima para apresentação do filme. No início da noite de dois de novembro de 2012, um clima frio se instalou na cidade e a chuva ameaçava cair, contrastando com os dias quentes do início daquela semana. O vento gelado passeava pela multidão sentada na grama, que bebia, fumava cigarros e usava drogas leves. Os mais precavidos levaram mantas ou panos para sentar, viam-se grupos de amigos, casais abraçados, garrafas de vinho, fios de fumaça, risadas e rostos surpresos a cada cena.

No meio do filme, alguns seres voadores passaram por cima do público fazendo um barulho estranho. Junto ao clima sombrio e à música soturna, os animais lembravam morcegos celebrando o rei Nosferatu, que reinava sobre seus súditos nas alturas em que sua imagem era projetada. Na primeira aparição dos bichos, a multidão ameaçou uma salva de palmas. Depois, os vultos continuaram passeando pelos céus, mas deram alguns rasantes no público, deixando algumas pessoas com medo de ter seus pescoços sugados como o Hutter, agente imobiliário perseguido pelo Conde Orlok no filme.

Porém, como em todo evento público, existem as velhas conversinhas paralelas, pessoas levantando o tempo todo e assoviando. Antes do final do filme, ao menos umas 50 pessoas já tinham ido embora. Mas a maioria manteve-se firme, mesmo trocando a posição do corpo várias vezes na grama. Ao fim da apresentação, os mais de 20 mil presentes aplaudiram em pé a Orquestra Petrobrás e a obra de Murnau.


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