Trem Novo Apenas Para a Linha Verde

Os novos trens do metrô só rodam na “linha nobre” da cidade de São Paulo

Mais de 70% da população paulistana utiliza as linhas vermelha e azul do metrô, a primeira corta a cidade de leste a oeste e a segunda do norte ao sul. Apesar disso, os primeiros novos trens do metrô irão favorecer apenas os usuários da linha verde, que vai da Vila Madalena ao Alto do Ipiranga, passando por baixo da Avenida Paulista.

Esses novos trens têm ar condicionado (sistema que diminui o ruído), portas mais largas para facilitar embarque e desembarque, maior número câmeras, freio com parada mais suaves e design externo reformulado.

Apesar das melhoras na linha verde, a reclamação de alguns usuários é que os trens da linha azul e vermelha não foram substituídos. "Os trens novos são bem melhores; estes aqui são quentes demais e velhos", diz Henrique Cruz, professor estadual e usuário da linha vermelha.

A maior parte desta linha roda por cima da terra, ficando exposta ao Sol. O mesmo ocorre com algumas estações da linha azul (Tucuruvi até Armênia). Apesar da exposição ao Sol os trens não têm ar condicionado. Além disso, as portas continuam pequenas para o número de usuários. As paradas, bruscas, e o barulho ainda incomoda e gera discussões.

De acordo com a assessoria de imprensa do metrô "estas linhas também foram beneficiadas: a linha azul com sete trens novos e 51 reformados. Já a vermelha, ganhou 10 trens novos e 47 reformados". Só que isso parece não fazer efeito na opinião de Tânia Oliveira, usuária da linha azul, "não fez diferença nenhuma, o trem continua lotado em horário de pico", diz.

Segundo Flávio Souza, professor da FGV, a maior parte da população não tem acesso à esses benefícios pois ocorre uma espécie de "apartheid": o transporte melhora nas regiões com mais renda gerando mais condições para a classe A. Já nas periferias, o que se vê é o descaso com os cidadãos". Flávio, que fez mestrado sobre administração pública e governo, diz ainda que "isso gera um círculo vicioso. Se nada for feito nos próximos dois anos, o sistema de transportes não conseguirá atender à população no futuro".