31 de janeiro de 2011

Entrevista com a PJ Harvey






http://www.nme.com/nme-video/pj-harvey-video-interview-part-two/761306408001

Entrevista com a PJ Harvey para a NME (New Musical Express)

PJ Harvey discute a questão do Iraque, Afeganistão, a natureza dos ciclos dos conflitos e fala sobre seu no álbum "Let England Shake", além de revelar como livros e blogs inspiraram-na.


Conto: Tiro ao nada

Tiro ao nada

Carmem, ao acordar, viu o teto escuro de seu quarto, onde sombras pareciam dançar sobre ela. Então ouviu um estrondo horrível. Ao abrir a janela, acalmou-se. Eram os ônibus violentos cortando a rua. Ligou a tevê. Ana Maria Braga apresentava sua mais nova edição noturna: “Glutões na Ativa”. Era um programa semanal que abordava temas como: assalto à geladeira, coxas de frango e pipoca na madrugada, geléinha doce e outros quitutes saborosos.

Súbito! Outro rugido, desta vez mais forte, seguido de uma luz branca que tomou conta do céu. Carmem, olhos arregalando, quase pulando da cara, escondeu-se embaixo da cama. Lá fora, era como se terra e céu se juntassem. O horizonte sugava ruas, carros, casas e tudo mais. Não havia gritos, nem choro, simplesmente o fim de tudo. Ninguém soube o porquê. Um dia vida, no outro, nada.

Lembrou-se da infância ao lado de sua avó, a carioca malandra que fazia uma sopa experta. Era sempre a mesma coisa, o cheiro vinha da panela, inundava seu quarto fazendo-a salivar. Carmem abria o armarinho escondida, roubava a vodka de rótulo azul e enchia dois copões, um pra ela e outro pra velha. Cada uma na ponta da mesa, brindavam e repetiam: “Só pra abrir o apetite, né?”. Então entornavam os copos, o da vó com um pouco de soda e o de Carmem na pureza. O gosto péssimo chamava a colher para a mão, mas a velha já tinha metido a cara no prato como cachorro faminto. “Slurrrrp, slurrrrp”, a sinfonia de sugação começara. Meio louquinhas, detonavam três pratos da sopa em menos de 20 minutos. Ao fim, sentavam-se no sofá como duas bonequinhas para assistir juntas a novela “Chamego Insano”.

Mas essa era apenas uma lembrança flutuando no vácuo de um mundo que acabara. Vinte e nove milhões de anos. Era isso que havia demorado. Meu deus! Se é que ele existe!? Talvez, existisse. Pensou Carmem. Talvez tenha se arrependido do erro que cometeu a criar tamanha porcaria nefasta. Pensou novamente.

Era o fim do corpo, o fim, até mesmo, da suposta alma que todas as religiões pregavam existir. Ainda havia luz, que se refletia em si mesma e expandia-se no nada. A imensidão não poderia ser contada, recomposta. A existência era um feixe de luz branca correndo e se multiplicando até encontrar os ecos da morte, ou achar a si mesma dando voltas e voltas, contornando-se.

Havia ainda a praia, que outrora servia Carmem como refúgio e lazer. A lembrança vinha e voltava, como planta arisca que cisca pelo oceano. Passando na perna dos banhistas, imitando tubarão e ouvindo o gritinho da menina que mexe e remexe as perninhas tentando se desvencilhar. Essa lembrança misturava-se a outras. Os arvoredos onde o pai pegava madeira, seu tio afiando faca no meio da rua e gritando pras donas saírem pra ver. O gato, Maylou, que tinhas listras pretas no pelo cinza aveludado. Flutuava em seus bigodes sempre uma gotícula dágua que Carmem adorava secar e depois esfregar em seus dedos. A gota de Maylou, o eterno desencontro que era a vida de Carmem, outrora menina delicada e bonita, outrora uma loira tresloucada e sensual, mas ainda bonita.

Aos poucos, até as lembranças sumiam. Uma música, um grito ou sangue. Elas lutavam para serem vivas. Amontoavam-se umas às outras buscando criar algum tipo de sentimento, mas não conseguiam. O cachorro de Mario, o pai de Bianca brigando com ela na mesa de jantar, o cabelo crespo de Felipe e sua eterna namorada que o traía pela noite. O branco, o branco pálido e gordo assumia ares de rei, ganhava tudo, os espaços cresciam. Lembranças jogadas para o alto e para os lados, explodindo até serem extirpadas por completo. A luz, ávida por espaço, tomou conta de tudo. Era ela a existência e a inexistência.

30 de janeiro de 2011

Hipólito da Costa e o Correio Braziliense


Hipólito da Costa e o Correio Braziliense

Hipólito da Costa nasceu em 1774 na Colônia de Sacramento, povoamento português no Rio de la Plata que se tornou território do Uruguai. Sua vida relaciona-se fundamentalmente com o desenvolvimento dos primórdios da imprensa no Brasil. Foi ele o idealizador do Correio Brazilienze, ou Armazém Literário, considerado o primeiro jornal brasileiro com grande circulação. Já havia algumas gazetas circulando no país antes do surgimento do Correio, porém, estas publicações eram feitas pela Corte Portuguesa e só atendiam os interesses da realeza.

O periódico era publicado em Londres e existiu entre o período de junho de 1808 a dezembro de 1822. Por ser feito na Inglaterra, chegava ao Brasil por via marítima e com 45 a 90 dias de atraso, começando a circular na então colônia portuguesa em setembro de 1808. O conteúdo do jornal variava entre 72 e 140 páginas (alguns ultrapassavam 200) e era dividido entre as seguintes editorias: Política, comércio e artes, literatura e ciência; e miscelânea – categoria que continha a seções de correspondências e reflexões. A linha editorial era opinativa, com ênfase no debate público. Colocava em evidência a questão da emancipação colonial e denunciava a corrupção, o que desagradou a Corte Portuguesa e as autoridades.

Hipólito, que já havia sido perseguido pelo Tribunal do Santo Ofício por acusação de disseminar ideias maçônicas na Europa, teve seu jornal formalmente proibido no Brasil e em Portugal. Um de seus maiores inimigos foi Joaquim de Santo Agostinho, que publicou anonimamente o livro: “Reflexões sobre o Correio Braziliense”, onde analisou todos os artigos de 1809 a 1810, repudiando a publicação. Outro inimigo de Hipólito era Bernardo José de Abrantes e Castro, embaixador de Portugal em Londres que chamou o Correio Braziliense de “terrível invenção de um jornal português na Inglaterra”. Bernardo ainda publicou o “O Investigador”, jornal contra Hipólito.

Com a proibição e as reações contrárias ao Correio Brazilienze, sua popularidade aumentou e deu início a um contrabando em larga escala. O jornal começou a ser lido por todos, inclusive pela Corte Portuguesa. Alguns historiadores indicam que o jornal era patrocinado pela Corte Portuguesa, visto que não havia ataques pessoais diretos ao Rei. Já outros apontam o governo inglês como seu principal financiador.

Talvez por ter pertencido a uma época dominada pela crise, onde impérios ruíam e nações se reerguiam, o jornal tenha tido tanta importância. Nota-se em suas páginas, as tensões e incertezas de uma época de instabilidade e transformações expressivas. Outro fator importante é sua associação ao processo de independência brasileiro, apesar de apenas as últimas edições apoiarem a separação de Portugal. Além da relevância histórica, há, sem dúvida, seu valor documental e crítico, pois seu redator não apenas registrava os acontecimentos de forma imparcial e objetiva, mas assumia posições, influindo nas mudanças políticas e na opinião pública.

Sobre Hipólito da Costa:

Hipólito da Costa era Filho de um militar, o alferes Felix José da Costa Furtado de Mendonça. Ele era o primogênito e tinha dois irmãos: Felício Joaquim, que foi padre, e José Saturnino, que chegou a ser Senador do Império. Seu nome completo era Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça.
Passou a infância entre criadores e lavradores, nos campos do sul. Teve um tio, Padre Mesquita, que lhe ministrou os primeiros ensinamentos, inclusive noções de latim.
Indo estudar em Portugal, inscreveu-se em três cursos superiores na Universidade de Coimbra, onde se formou em Filosofia, aos 22 anos; em Direito, aos 23 anos, e em Letras, aos 24 anos.
Faleceu em 1823, não chegou a saber que fora nomeado cônsul do Império do Brasil em Londres. No Brasil é considerado o patrono da imprensa. Em Porto Alegre foi homenageado emprestando seu nome ao Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. Estava sepultado em St. Mary the Virgin, em Hurley, condado de Berkshire; mas em 2001 seus restos mortais foram trasladados para Brasília. Atualmente estão nos Jardins do Museu da Imprensa Nacional.

Fontes:

28 de janeiro de 2011

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Trilha sonora de Jackie Brown


Trilha sonora de Jackie Brown


O terceiro filme de Tarantino, adaptação de um livro de Elmore Leonard, tem uma trilha sonora baseada na black music dos anos 70. Logo na sequência de abertura, onde Jackie Brown caminha ao lado de uma parede com faixas de cores diferentes, inicia-se uma perfeita combinação entre sons e imagens. Jackie, uma mulher de meia idade trabalhando como aeromoça na pior das companhias aéreas mexicanas, anda enquanto Bobby Womack versa sobre tudo que teve que fazer para vencer nas ruas do ghetto (Across 110th Street). A música também é utilizada na última cena do filme. Jackie Brown começa e termina com o som, no início, onde nada na vida de Jackie está garantido e no final, após ela conseguir uma bolada em dinheiro e enganar meio mundo.

Ordell Robbie é outro personagem interessante do filme. Bandido, abandonado, vendendo armas para sobreviver, não dirige seu carro, um minuto se quer, sem escutar suas músicas preferidas. Os músicos referência para seu toca-fita são os Delfonics, Supremes, Roy Ayers e Johnny Cash, o único branco, que tem a voz interrompida por Ordell, que desliga o rádio antes de colocar as luvas e carregar a arma para matar Jackie Brown. Ordell, apesar de matador e machão, derrete-se ao ouvir os vocais adocicados dos Delfonics e ainda acha estranho o fato de seu parceiro, Louis Gara, desconhecer os Supremes.

Há outras cenas com músicas boas e sequências de imagens instigantes. Jackie entra na cadeia ao som de Long Time Women, cantada pela própria atriz que a interpreta, Pam Grier. Jackie está na prisão pela segunda vez, esperando pelo pagamento de sua fiança, sentada com as outras detentas, enquanto isso, a voz de Pam Grier solta um "Look at me! I'll never be free!!!". Mas é outro personagem que dá continuidade às homenagem musical de Tarantino, o branquelo Max Cherry. Ao chegar na cadeia para pagar a fiança de Jackie, Max, ao ver a graciosa maneira de caminhar da mulher, apaixona-se. A canção agora é Natural High, do Bloodstone. Max encara Jackie, que pede para ver sua identidade, e os dois seguem para um bar ESCURO, como Jackie acaba de sugerir.






18 de janeiro de 2011

Amy Winehouse põe público para dormir em São Paulo

FOI UM SHOW DE HORROR: AMY ESQUECEU LETRAS, ATROPELOU A MÉTRICA E ERROU O TEMPO, TUDO ENQUANTO OSTENTAVA UMA TROMBA DAQUELAS


ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA 

Chamar o show de sábado de Amy Winehouse de "burocrático" é um insulto à burocracia. Já vi filas de cartório mais animadas que a apresentação da moça.
Foram exatos 72 minutos de show. Descontadas as vezes em que ela saiu do palco, o intervalo antes do bis e uma torturante sequência de solos dos músicos, Amy não deve ter cantado por mais de 55 minutos.
Além de curto, o show foi muito ruim. A banda era uma lástima, e a voz de Amy, um fiapo. Na verdade, Amy deu azar: puseram uma cantora de verdade antes dela, Janelle Monáe, e a comparação entre as duas foi brutal.
Enquanto Janelle e banda fizeram um show cheio de energia e emoção, Amy pôs o povo para dormir em pé com uma apresentação desleixada. E desafinou pacas.
Quem foi à Arena Anhembi esperando ouvir o gogó potente e sexy dos discos saiu com uma certeza: os produtores Salaam Remi e Mark Ronson fizeram milagres com a moça.
Amy foi um show de horror: além de desafinar, esqueceu letras, atropelou a métrica e errou o tempo de várias canções, tudo isso enquanto ostentava uma tromba daquelas. Parecia que ela estava fazendo um favor à plateia.
A diva só falou com o público duas ou três vezes, e mesmo assim para apresentar a banda ou anunciar um vocalista de apoio que cantou duas músicas enquanto ela sumia do palco.

POMBAS MORTAS
Winehouse abriu o show com três de seus maiores hits, "Just Friends", "Back to Black" e "Tears Dry On Their Own", e já deu para perceber que alguma coisa não ia bem: ela virou-se várias vezes para os músicos e parecia estar reclamando do som.
Mas o problema não era o som, claro.
No final de "Boulevard of Broken Dreams", a casa caiu: Amy deu uma desafinada tão medonha que matou vários pombos que sobrevoavam o Campo de Bagatelle.
Na área em frente ao palco, o tal espaço VIP, a desanimação era evidente. Os fãs vibravam mais com os goles que Amy dava em um copo do que com a música.
Lá pela quinta ou sexta canção, já havia uma movimentação grande de bem-nascidos se dirigindo à área Mega Ultra Top Vip Special (o nome não era exatamente esse, mas era parecido), onde rolava uma festinha. Atrás de mim, alguns clones do Rico Mansur trocavam reminiscências sobre o Ano Novo em Jurerê.

ENCHENDO LINGUIÇA
Enquanto isso, Amy e os músicos continuavam no piloto automático, contando os minutos para aquilo acabar.
E a banda dela? O que era aquilo? Será que uma banda tão ruim já tocou para tanta gente?
Para encher um pouco mais de linguiça, Amy apresentou os músicos, e cada um fez um solo.
Foi uma demonstração tão constrangedora de falta de talento que, no meio do solo de bateria, a própria Amy sentou no palco.
Depois de 60 minutos de show, a cantora se despediu.
Mas voltou para o bis, a tempo de errar a letra de "You Know I'm No Good", antes de encerrar com "Me and Mrs. Jones". Chequinho na mão e bye bye, Brasil!
Como todo filme de horror que se preze, o show de Amy ainda teve um epílogo pavoroso: foram exatos 58 minutos só para conseguir sair do estacionamento do Anhembi, enquanto multidões disputavam um táxi.
Será que, algum dia, uma alma caridosa vai conseguir organizar um show em São Paulo que termine antes do fechamento do metrô? É pedir demais?
Porque, depois de aturar a Amy, tudo o que se quer é chegar rápido em casa.

AMY WINEHOUSE 

AVALIAÇÃO péssimo

3 de janeiro de 2011

RETRÔ É A CADEIA!!!


Quer dar um rolê aqui dentro com sua roupinha modernete de vovó???
Te metem uma curra das mais violentas!!!

Retrôço é a CADEIA!!!