FOI UM SHOW DE HORROR: AMY ESQUECEU LETRAS, ATROPELOU A MÉTRICA E ERROU O TEMPO, TUDO ENQUANTO OSTENTAVA UMA TROMBA DAQUELAS
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
Chamar o show de sábado de Amy Winehouse de "burocrático" é um insulto à burocracia. Já vi filas de cartório mais animadas que a apresentação da moça.
Foram exatos 72 minutos de show. Descontadas as vezes em que ela saiu do palco, o intervalo antes do bis e uma torturante sequência de solos dos músicos, Amy não deve ter cantado por mais de 55 minutos.
Além de curto, o show foi muito ruim. A banda era uma lástima, e a voz de Amy, um fiapo. Na verdade, Amy deu azar: puseram uma cantora de verdade antes dela, Janelle Monáe, e a comparação entre as duas foi brutal.
Enquanto Janelle e banda fizeram um show cheio de energia e emoção, Amy pôs o povo para dormir em pé com uma apresentação desleixada. E desafinou pacas.
Quem foi à Arena Anhembi esperando ouvir o gogó potente e sexy dos discos saiu com uma certeza: os produtores Salaam Remi e Mark Ronson fizeram milagres com a moça.
Amy foi um show de horror: além de desafinar, esqueceu letras, atropelou a métrica e errou o tempo de várias canções, tudo isso enquanto ostentava uma tromba daquelas. Parecia que ela estava fazendo um favor à plateia.
A diva só falou com o público duas ou três vezes, e mesmo assim para apresentar a banda ou anunciar um vocalista de apoio que cantou duas músicas enquanto ela sumia do palco.
POMBAS MORTAS
Winehouse abriu o show com três de seus maiores hits, "Just Friends", "Back to Black" e "Tears Dry On Their Own", e já deu para perceber que alguma coisa não ia bem: ela virou-se várias vezes para os músicos e parecia estar reclamando do som.
Mas o problema não era o som, claro.
No final de "Boulevard of Broken Dreams", a casa caiu: Amy deu uma desafinada tão medonha que matou vários pombos que sobrevoavam o Campo de Bagatelle.
Na área em frente ao palco, o tal espaço VIP, a desanimação era evidente. Os fãs vibravam mais com os goles que Amy dava em um copo do que com a música.
Lá pela quinta ou sexta canção, já havia uma movimentação grande de bem-nascidos se dirigindo à área Mega Ultra Top Vip Special (o nome não era exatamente esse, mas era parecido), onde rolava uma festinha. Atrás de mim, alguns clones do Rico Mansur trocavam reminiscências sobre o Ano Novo em Jurerê.
ENCHENDO LINGUIÇA
Enquanto isso, Amy e os músicos continuavam no piloto automático, contando os minutos para aquilo acabar.
E a banda dela? O que era aquilo? Será que uma banda tão ruim já tocou para tanta gente?
Para encher um pouco mais de linguiça, Amy apresentou os músicos, e cada um fez um solo.
Foi uma demonstração tão constrangedora de falta de talento que, no meio do solo de bateria, a própria Amy sentou no palco.
Depois de 60 minutos de show, a cantora se despediu.
Mas voltou para o bis, a tempo de errar a letra de "You Know I'm No Good", antes de encerrar com "Me and Mrs. Jones". Chequinho na mão e bye bye, Brasil!
Como todo filme de horror que se preze, o show de Amy ainda teve um epílogo pavoroso: foram exatos 58 minutos só para conseguir sair do estacionamento do Anhembi, enquanto multidões disputavam um táxi.
Será que, algum dia, uma alma caridosa vai conseguir organizar um show em São Paulo que termine antes do fechamento do metrô? É pedir demais?
Porque, depois de aturar a Amy, tudo o que se quer é chegar rápido em casa.
AMY WINEHOUSE
AVALIAÇÃO péssimo
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