13 de junho de 2012

Mostra revê todas as fases de Ingmar Bergman

Persona



Retrospectiva no CCBB exibe obras raras e clássicos do diretor sueco

Evento começa hoje destacando "O Sétimo Selo"; no sábado, documentarista fala sobre mestre do cinema

RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO
Em 1951, o governo sueco aumentou os impostos na área de entretenimento, e a indústria cinematográfica do país resolveu entrar em greve como forma de protesto.

O jovem diretor Ingmar Bergman, que já filmava havia cinco anos, desde "Kris", se viu sem emprego e, precisando sustentar duas ex-mulheres, uma nova (a roteirista Gun Grut, grávida na época) e cinco filhos.

A saída foi filmar uma série de comerciais para um sabonete antibactérias chamado Bris.

A oportunidade rara de ver o que um dos maiores cineastas da história fez com um cheque na mão e um produto na outra faz parte da maior mostra sobre o diretor sueco já realizada no Brasil.

A retrospectiva começa hoje -já com os comerciais do Bris na programação, antes da exibição de "O Sétimo Selo" (1957), às 20h-, no Centro Cultural Banco do Brasil, e vai até 15 de julho.

Morto em 30 de julho de 2007, aos 89 anos, Ingmar Bergman fez mais de 60 longas. Nenhuma filmografia básica é respeitada sem pelo menos três obras do diretor na lista -geralmente circulando entre "Persona" (1966), "O Sétimo Selo", "Morangos Silvestres" (1957), "Fanny & Alexander" (1982) e "Gritos e Sussurros" (1972).

O sueco praticamente inventou o subgênero "cinema de autor", influenciou de Woody Allen a Steven Spielberg e foi indicado ao Oscar 12 vezes, tendo vencido apenas na categoria de melhor filme estrangeiro por "A Fonte da Donzela", em 1961, "Através de um Espelho", em 1962, e "Fanny & Alexander", em 1984.

Nesta primeira semana de exibições, a mostra faz um retrato da versatilidade de Bergman. Passa pelo documentário "Färo", sobre a ilha no Báltico em que ele se apaixonou ao filmar "Através de um Espelho" e que escolheu como residência até a morte, pela comédia "Para Não Falar de Todas Essas Mulheres" (1964) e pelo clássico "Persona", o preferido do diretor.

ALEGRIA DE FILMAR

No sábado, às 15h, o crítico e cineasta sueco Stig Björkman mostrará seus dois documentários sobre Bergman, "Imagens do Playground" e "...Mas o Cinema é Minha Amante", e fará uma palestra sobre essa versatilidade do diretor, com quem conversou diversas vezes para o livro de entrevistas "Bergman on Bergman".

"A coisa que mais me surpreendeu quando acompanhei Bergman nas filmagens foi observar como ele era alegre", conta Björkman. "A maioria das pessoas acha que Bergman era uma pessoa séria por causa de suas obras, mas ele era um homem feliz."

Profundo conhecedor da carreira do diretor, o documentarista acredita que, se Bergman estivesse vivo, estaria empolgado com o cinema atual. "Ele era um fanático por filmes e uma pessoa muito curiosa. Mesmo isolado em Färo, possuía uma 'DVDteca' fantástica e via todos os tipos de longas", conta Björkman.

Por outro lado, o crítico não acha que o autor de "Morangos Silvestres" se encantaria com o 3D: "Ele era mais convencional, mas provavelmente estaria filmando em formato digital".

MOSTRA INGMAR BERGMAN
QUANDO de hoje a 15/7 (qua. a dom., das 10h às 20h)
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11 3113-3651)
QUANTO R$ 4

Copiado de: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/48360-mostra-reve-todas-as-fases-de-ingmar-bergman.shtml

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